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Economia dos EUA em dezembro de 2025: crescimento concentrado no topo enquanto 68% vivem no limite

Top 10% responde por 49% do consumo total enquanto famílias de renda média cortam gastos essenciais; inflação a 2,8% mantém Fed em alerta

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Por Lucas Gomes
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A economia americana fecha 2025 com uma divisão sem precedentes desde 1989. Os 10% mais ricos respondem por 49,2% do consumo total, enquanto 68% dos americanos vivem de salário em salário, com 25% desses lutando para pagar contas mensais. Pesquisa CNBC de dezembro mostra que 41% planejam gastar menos nas festas — aumento de 6 pontos em relação a 2024 — com 46% citando o custo elevado de bens como razão principal.

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A inflação permanece teimosa em 2,8% (core PCE), acima da meta de 2% do Federal Reserve. 73% dos consumidores esperam preços mais altos de supermercado no próximo mês — aumento de 16 pontos desde janeiro. Dados do CPI mostram que consumidores urbanos pagam aproximadamente 25% a mais pela mesma cesta de produtos comparado a cinco anos atrás. Morgan Stanley projeta desaceleração do consumo de 5,7% em 2024 para 3,7% em 2025 e 2,9% em 2026.

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Vendas nominais de varejo devem ultrapassar US$ 1 trilhão pela primeira vez, mas o crescimento ajustado pela inflação é de apenas 2%, com consumidores comprando menos itens. Sentimento do consumidor em dezembro chegou a 53,3 — queda dramática vs 74 em dezembro de 2024. Deloitte projeta que gastos reais do consumidor cairão de 2,1% em 2025 para 1,4% em 2026, com crescimento populacional mais fraco por queda na imigração pesando sobre demanda agregada.

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O horizonte imediato pede vigilância e ação coordenada. No curto prazo, monitorar indicadores de consumo básico, inadimplência e oferta de crédito pessoal será crucial para evitar que problemas localizados se tornem sistêmicos. Políticas que facilitem a reconversão de trabalhadores e o surgimento de polos regionais de produção podem ampliar o efeito benéfico dos investimentos que já ocorrem. Ao mesmo tempo, ajustes finos na política monetária, combinados com medidas fiscais direcionadas, são necessários para equilibrar a estabilidade de preços com o apoio à demanda real nas camadas mais afetadas. Para empresas e investidores, a recomendação é adotar cenários mais realistas sobre demanda e custos, reforçar liquidez e investir em capacidades locais que reduzam vulnerabilidade a choques externos. Para os formuladores de política pública, o imperativo é trabalhar com dados granulares e respostas territoriais: políticas nacionais amplas sem direcionamento tendem a dispersar recursos e a perder eficácia. Em suma, a economia dos EUA segue em 2025 com forças contraditórias — há espaço para otimismo em certos polos, mas sem uma estratégia coordenada a recuperação pode permanecer desigual, suscitando riscos econômicos e sociais que dificultam a consolidação de um crescimento inclusivo.